segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vão lá, eu fico por aqui mesmo...


Um dia me perguntaram se eu já havia um dia saído do Nordeste, disse que não nunca tive oportunidade. Então em argumentos me mostraram o mundo que nunca vi com possibilidades, lindas paisagens, noites bonitas com gente bonita e “dixcolada”. A vontade atiçou afinal tenho parentes espalhados pelo Brasil inteiro, mas depois de alguns acontecimentos não só com eles, mas coisas que repercutem jornais a fora me fazem pensar que talvez seja melhor ficar por aqui mesmo, existem muitos neonazistas do lado de lá e nos tratam como escória. E não perco tempo discutindo valores com pessoas que não sabem dar valor por não terem vida.

Vi alguns casos de xenofobia contra nordestinos na Net, esses “ricos” terminam seus discursos pré fabricados com a seguinte pérola “... E quem vai pagar a conta somos nós”... Que conta? Por acaso estão em algum bar na Avenida Paulista ou no Balneário Comburiu bebendo e o cartãozinho que o papai deu não passou? Que conta que eles pagam? CPMF é igual pra todo mundo, os tributos que pagam de lá é o mesminho daqui, o IPVA, IPTU, DACON, ISS... Tudo é cobrado do mesmo jeitinho e se paga com a mesmo Real moeda nacional inventada por um paulista. Aqui é Nordeste não a ilha de Lost.

Ainda tem uma que sugere afogamento de nordestino, só porque agora a presidente é uma mineira e acusa a gente de tê-la elegido. A democracia foi feita pra isso, não votei nela, mas não vou falar merda na internet porque um paulista não ganhou, dê o paulista a São Paulo e sejam felizes. A conta que vocês reclamam daí e dizem que a gente é quem faz daqui, deve ser os pedágios que o governo SUPER HIPER LEGAL que vocês defendem aplicam no bolso de vocês. Uma mandioca aqui custa R$ 2,50 o Kg, se chega a oito reais aí é porque o frete saiu caro e nisso definitivamente, a gente não tem culpa.

A prepotência é tanta que me enoja, como se esses filhinhos de papai e xenófobos fossem o baú de ouro no fim do arco íris. Sei que alguns Nordestinos pra vencer na vida e sustentar uma família saem de sua cidade atrás de dinheiro e vira pedreiro em São Paulo, assim como tem uma pá de Paulista que vem pro Nordeste, porque não agüenta a violência e o jeito frio do paulistano viver. E quando chegam aqui e sente o calor e a recepção do Nordeste não querem mais voltar, admirado com nossa cultura genuinamente brasileira, com influências tribais.

Aqui temos nomes que revolucionaram a cultura popular brasileira. Jorge Amado, Luís Gonzaga, Caetano Veloso, Raul Seixas, Chico Science, Paulo Diniz, Zeca Baleiro, Gilberto Gil. E vocês? Quem? Bruna Sufistinha?

Mate afogada essa idéia de que somos parasitas, Brasília existe por causa dos Candangos que a levantaram saindo do Piauí, somos acostumados a tirar água de pedra, enquanto alguns estão em Raves se drogando, estamos suando a camisa e quebrando a cabeça para subirmos no degrau evolutivo que nos inspira a cada amanhecer, somos felizes por termos o Sol em nossas muleiras tendo a praia ao lado para nos refrescar, não temos culpa de suas poluições ou das garoas que atrapalham suas paisagens.

Continuaremos aqui trabalhando para manter uma economia nacional ativa, alimentando a locomotiva sem noção e ingrata para com seus demais vagões.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"Trocando em Miúdos"

Hoje em dia tudo é bifásico: nada condiz com a consequência do ato impensado, as falácias e suas benditas repercussões, o agradecimento mecâncico e doentil para tudo que se presta e/ou até mesmo para o prestar das coisas mal feitas.
Existem tantas coisas mal ditas, mal feitas e tudo só pra manter a pose...

"Obrigado povo do maranhão, pelos 456.654.666 votos, honrarei o compromisso com o Estado e bla bla bla... "Esse cabra faz..."
E por que não dizer?
"Obrigado bando de trouxas, até daqui a quatro anos quando eu precisar fazer uma outra empresa ou botar meus filhos pra receber dinheiro público, quando eu precisar é pra fazer de novo, viu? bando de besta..."
seria mais sincero...
Atendente de telemarcketing:
"Fazendo esse plano, além do senhor pagar menos o senhor tem ligações diretas pro além, além de ter uma linha direta com o Papa.. e o senhor não paga nenhum adicional, e caso o senhor não esteja satisfeito, poderás cancelar o plano quando quiser e sem multa..."
E por que não dizer?
"Senhor, se eu não empurrar esse plano pro senhor goela a baixo o meu chefe vai me chamar atenção, afinal não vendi nada essa semana, a empresa tem metas e precisa de lucros . Tenho que mentir pro senhor, porque se souberes da barca furada que o senhor está entrando não vai fazer o tal plano e eu preciso de dinheiro. Ficando pesado pro seu bolso ou não, não é problema meu..."
Ficaria bonito...
Um Golpista:
"Alô, é o senhor Jairo Lapada? aqui é do SBT juntamente com a Embratel, o senhor acaba de ganhar uma viagem pra Caldas Novas com tudo pago e direito a acompanhantes... Mas pra isso o senhor terá que ir numa agência bancária digitar uma senha de valor em depósito,. só para a confirmação do seu prêmio..."
Por que não dizer?
"Alô, Senhor Jairo Lapada, eu tenho um golpe pro senhor, tá afim?"
Além de bonito, eficaz
Um candidato à presidência:
"Bom, quem tem que averiguar isso é a polícia federal se nada for comprovado que o nosso ministro cometeu coisas ilícitas, poderemos sim aproveitá-lo..."
Por que não dizer?
"Você acha de onde veio fundos pra minha campanha? lógico que irei aproveitá-lo, se não fosse a mutretagem dele eu não estaria bem na candidatura e não teria dinheiro pra financia-la ... ora bolas.."
Além de eficaz, transparente...
O Outro candidato à presidência:
"Duas coisas que não podem dizer do meu governo, que é desonesto e privatizante..."
Por que não dizer?
"Rapáz a máquina pública dá trabalho de mais, esse negócio de greve, ficar falando com líder sindical, ter trabalho de manter emprego de pobre, é um saco... privatiza logo de uma vez, que aí a "pica" não fica sendo minha, é de quem tá administrando, além do mais, esse negócio de privatizar rola um troquinho pra gente, se o contribuinte vai sentir no bolso, não é problema meu, eu tenho dinheiro pra pagar tudo, se eles não têm, fazer o que? né?"
além de bonito, sincero, eficaz e transparente... futurista...
Tudo é questão de ter bom senso; usar a astúcia seria um caminho mais perto de compreender como as pessoas e as coisas realmente são. Tudo seria lindo!


E é só... até daqui a quatro semanas, quando eu precisar ficar popular de novo com esse negócio de blog... Saco...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um Tostão

Levanto todos os dias as 6 : 50, pelo menos é como está configurado o meu despertador acoplado no celular sem muita tecnologia, ponho os pés no chão frio de radiação cansada, esfrego os olhos, passo pela cozinha estreita, me direciono ao banheiro. Como a conta de água está paga tomo um banho frio para despertar minhas idéias como um choque desfibrado, pego uma toalha preta que de tão macia incomoda (parece não enxugar direito). Volto para o quarto, seleciono a roupa menos gasta, o tempo e a corrosão oriunda do meu suor denigre as cores cintilantes que vem no ato empolgante de obtenção desta vestimenta, mas é do suor que escorre dos meus poros que consigo manter um estar comum e social. Após a seleção sem muitas dúvidas me visto e volto a cozinha, passo um café cheio de impostos, caro para uma iguaria tão comum, mas como preciso dele para acordar tenho que obtê-lo e pagar por ele em uma bagatela acessível mas que incomoda, retorno ao banheiro escovo os dentes com uma escova gasta pelo motivo de nunca me lembrar de comprar uma nova, a observo, passo os dedos em suas cerdas, dou uma pequena risada para minha displicência e saio.
Finalmente saio da minha residência, bem no centro da cidade de São Luis do Maranhão, olho para o meu relógio de pulseira danificada com os dígitos opacos, mas com os ponteiros funcionando, ok 7:20, vou chegar a tempo, passo por pessoas estranhas que dão bom dia, por pessoas estranhas que te olham e mexem a cabeça com um sinal de cumprimento, pessoas conhecidas que te dão um abraço no desejo de começar o dia bem e pessoas conhecidas que finge que não te olha e eu também finjo que não vejo.
Chego ao ponto de ônibus, uns 5 minutos após a última vista no relógio, as 7:30 pego a máquina barulhenta movida a diesel que além de nos levar como gados, tem como o objetivo secundário dá trabalho aos ambientalista em pesquisar sobre seus dejetos gasosos. Nunca pára no ponto de ônibus, sempre por trás, no meio da rua, quando o sinal fecha sou obrigado a me desafiar em meio aos automóveis e com raiva bato na porta pra que o motorista risonho faça abrir, o vejo com cara de reprovação e subo. Pago uma passagem para sustentar seu salário e acordos com a prefeitura que desde o começo do ano divulgou que se a frota não aumentasse e a qualidade dos ônibus não melhorassem reduziria o valor da frequente tarifa, os empresário dos coletivos alegaram que para que isso acontecesse teriam que aumentá-la, ficaram com o lucro e a gente com o prejuízo e sem qualidade, mais uma vez... Manobra, mas pouco importa o nosso prefeito vai bem e isso sim que importa, afinal, qual é o prefeito que tem uma vaca Holandesa num curral climatizado ouvindo Beethoven? num custo superior ao seu salário? pois é o nosso tem, olha que legal? Aproveitando a deixa, a cidade cega não enxerga que as empresas do nossos querido representante tem lucros absurdos quando ele ocupa um cargo político, aquela velhinha que tinha em sua campanha para prefeito como carro chefe usava o jargão que dizia "agora sim vou encher meu buchinho" deve estar radiante com as promessas ao vento, para vaca holandesa dormir. Alguém aí já viu as "Kombis comunitárias" vendendo alimentos mais baratos? nunca vi, vejo as Kombis com a imagem da sua herdeira para Deputada para trazer alegria, de se ter uma vaca no comando.
Após a aprovação da catraca, sento e observo as ruas, com decorações lunáticas, um buraco mais belo que o outro, vejo o empenho das pessoas em reagir e uma frase me bate o pensamento "Puta que Pariu".
Chego no escritório exatamente as 8:00, o portão uma luta para abrir, mas a pessoa que me aluga o prédio disse que se eu quiser ajeitar ele vai ter o prazer de não descontar do aluguel, com muita dificuldade adentro a minha sala, meu refúgio. por algumas horas me sinto um vietnamita num esconderijo em meio a sua guerra, apesar do Sol lá fora estar forte aqui é sempre confortavel.
Trabalho numa credencial do Detran (Departamento Estadual de Trânsito - O órgão que tem a finalidade de se preocupar com a segurança de veículos e seus condutores no estado do Maranhão, além disso serve como cabine de emprego para apadrinhados políticos, uma máquina de fazer dinheiro, terra de cemitério, o dinheiro que entra no Estado vai para o Esquema. Você já viu concurso público para o Detran?... hehehehehehe, filie-se a alguma merda de partido qualquer e sua vaga está garantida, mas não denuncie o esquema isso dá exoneração...)
Aqui é ótimo, dependo das autorizações do Detran para trabalhar, sou autônomo dependente do serviço público, resultado? Fudido. Além do DETRAN atrasar o nosso serviço existem também os nossos queridos amigos despachantes que não dão uma porrada num pino de remarcação, mas querem quase a metade do valor do serviço (já atrasado pelo DETRAN), só porque me indicou para a execução do mesmo. E se eu me negar a dá uma pontinha (de picadeira) eles jogam o meu concorrente na minha cara. Ah! sim, meu concorrente... de tanto a gente brigar, viramos amigos, toda vez que nos vemos nos falamos e dizemos "é Foda"... com a mesma dúvida no fim da conversa "quem será que é o mais fudido de nós dois?"
Hora do almoço, um restaurante aqui perto, um grude que eles tem a cara de pau de chamar de refeição, Cardápio: *Carne de Sol - coloração: Verde; Frango Frito - Coloração: Branco (tão branco que você encontra o tempero escondido dentro da carne, tipo um sachê. tão branco que parece que o frango morreu de susto; Sarrabulho - se um frango é assim sarrabulho pode ser um suicídio espontâneo.
A tarde chega uns ou dois clientes, algumas vezes tenho a sorte de encontrar pessoas interessantes, um senhor de idade que com sua prosa me deixa um pouco menos entediado.
Fim da tarde chega pego de novo o ônibus super faturado, ando as ruas cansado, vontade de tomar algo... sufoco a vontade com um bocejo, ou um livro, ou uma TV. Durmo e nem sinto.
E amanhã? tudo de novo...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Com Toda a Sombra de Dívidas...


Rendo-me aos prazeres da escrita, mostrando aos idealistas pensamentos avariados variantes de uma vida tão fatal, me mostro aqui um ser como qualquer outro ser na busca incessante de um lugar ao Sol, um opaco, fosco procurando a luz central de um palco com cenários e figurantes, onde todo cotidiano que circunscreve o real parece tão paralelo e abstrato.

Sou um montante, um significante número para as contagens sem tanto valor, um único Sol sem sombra de duvidas do caminho correto ou nem tão correto assim, a fonte efêmera do despertar de cada dia e depois adormece o epicentro dos tremores de medo que o corpo renega... E renega... E renega... E renega...

"Um cheque sem fundo, do fundo do coração..."